segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Michel Teló


Eu tava com vontade de falar sobre o Michel Teló há muito tempo, mas nunca soube muito bem o que falar. Tudo que me vinha em mente parecia muito ofensivo e preconceituoso.

Só que um dia desses eu lembrei de algo que aconteceu comigo e eu gostaria de fazer uma analogia com vocês.

Foi em 2009, era uma noite de Flamengo x Vasco no Maracanã. Estávamos eu e um colega na descida da rampa do metrô da Pavuna, mais ou menos às 09 horas da noite, e ele me pediu para andar mais rápido.

Eu dei uma leve corrida e (não sei o porquê) olhei para cima. Percebi uma correria e um princípio de confusão lá em cima da rampa.

Na minha cabeça a única coisa que podia estar acontecendo era uma briga entre torcidas. Percebendo isso eu fiz a única coisa que um torcedor do Flamengo heterossexual faria. Eu olhei para o meu colega e disse:

"CORRE, VIADO!"

Nesse processo ocorreram 3 coisas:

1º - Uma grande quantidade de pessoas percebendo o meu desespero também começou a correr, inclusive um negão de 2 metros de altura (fato crucial para o desespero geral);

2º - Muita gente saiu voado com o cachorro-quente na mão, sem pagar;

3º - Eu pisei num cocô de cachorro.

O curioso dessa história é que, quando eu parei de correr e me vi numa situação aparentemente 'confortável', comecei a ponderar algumas coisas, principalmente o fato de que o jogo do Flamengo contra o Vasco havia começado há muito pouco tempo, então seria incoerente uma briga de torcidas naquele lugar.

Talvez fosse um assalto, uma briga normal ou só a minha mente, mas eu corri mesmo assim e o que desencadeou todo o desespero foi o meu desespero.

É assim que eu me sinto sobre o Michel Teló e sobre a música pop em geral.

Ele é um princípio de confusão numa rampa de metrô em que 98% das vezes não dá em nada. A única chance daquilo afetar de alguma forma as nossas vidas é alguém se desesperar e sair correndo, ou ouvir a música e sair dançando.

Se for um louco qualquer correndo ninguém vai ligar, mas se for um negão de 2 metros de altura a situação muda drasticamente. Assim como se for um caipira de Bom Jesus de Itabapoana dançando ninguém vai ligar, mas se for o Cristiano Ronaldo após fazer um gol, pode acreditar que a música vai ganhar novos fãs.

No final de tudo, ninguém vai lembrar muito do que aconteceu. Quem correu (dançou) provavelmente percebeu que aquilo que estava fazendo era idiotice e ainda pode ter pisado num cocô de cachorro. Quem não correu (não-dançou) achou que todo mundo que estava correndo (dançando) era idiota.

A vida de todo mundo foi afetada de uma forma muito maior do que eles gostariam.

No Lucro, só quem saiu  foi o Michel Teló e a gravadora dele. No prejuízo, só o cara do cachorro-quente.

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